Maconha mais Ciência igual a Dinheiro (Prosa)

Ilustração: danieluiz

Será que o meu povo sabe que os norte-americanos criaram um banco (de dinheiro), para gerenciar o lucro dos plantadores de maconha? E a gente aqui parado!
Será que a nossa gente sabe que a maconha se come, maconha se fuma, maconha se faz roupa, maconha se faz lubrificante sexual, maconha serve para fazer papel, maconha serve para cabelo, maconha minimiza a câimbra, serve para o ouvido inflamado e para os olhos com glaucoma?
Eu sou o herói rebelde que fuma e preciso resgatar o povo da ignorância. Eu vou sair da minha caverna e fazer feito Zaratustra. Na verdade, eu sou um Platão às avessas e sou de dar água na boca.
Na feira, indago sobre onde está a verdade:
– Então, alguém já morreu de overdose de tanto fumar maconha? E agora? A maconha faz bem, e só o álcool é liberado? A verdade é Deus ser a favor da maconha. A maconha foi dizimada? E agora? Esquerda ou direita não existem mais? Não há mais em cima nem mais embaixo? Foi Deus que me fez um herói verde escuro de fome. Essa fome é o desejo de ir bem além e desmascarar algo nas pessoas, daqui da feira, que têm mil preconceitos contra a maconha. Elas e suas ideias infundadas que, sem estudo sério, alienam, repetindo:
– A maconha faz mal ao cérebro, oh, Seu Zé Coitado!
Ao que respondo de cabeça erguida:
– Eu tenho medo da sua ignorância, Doutor! Oh, seu Doutor, não me leve a mal...
Leitor, não me leve a mal. Eu sou sim de dar também no Deserto e no Sertão, habito em estufas de ideias, se preciso for. A minha luta é contra certos doutores que mandam e desmandam no país. O povo ainda, depois do Golpe de 64, até hoje, vive alienado. O povo é meu amigo, mas o Doutor me inveja. Careta, sem estudo científico, o Doutor manipula o povo brasileiro e diz em redes nacionais e internacionais de televisão e internet:
– Você, Che Cannabis, é uma aberração da natureza!
– Eu não. Nunca faço mal ao cérebro, por ousar falar bem da maconha. Não me trate como um terrorista, Doutor. Já você e sua ignorância fazem um grande mal à saúde da população brasileira. A vida sem você, Doutor, é a melhor coisa que há no mundo: no mínimo, a maconha é garantida!
E digo mais:
– Todo estudioso da área da medicina ou da saúde concordará com o avanço da pesquisa científica, Doutor. Você parece que anda no mundo da lua, sem pagar impostos. A gente não come às suas custas, Doutor. Oh, meu querido, agora eu vou dizer tudo: a maconha é remédio e ainda gera dinheiro pro povo e pro governo. E completo: você é de dar gastura com seu preconceito, Doutor!
– What, Little Boy da cannabis?
– Bush Doctor, larga de ser baixo astral. Maluco o povo há de saber que o capital provoca o desemprego, e isso pra você parece tão normal, mas pra mim nunca que é, ou seja, não é não. O capital que vocês não querem dividir com o povo brasileiro é do próprio povo e em sendo acumulado nas receitas das multinacionais e nos bolsos dos latifúndios, que é pra piorar. É o mesmo capital de giro que provoca o desemprego e uma recessão dos diabos, minha gente!
E prossegui meu discurso “d’ meio de feira”:
– Salve a ignorância ou, então, a falta de assunto, Bush Doctor. Eu não sou professor de Economia, mas de Língua Portuguesa. Agora, vê se larga do meu pé. Vê se larga do “Meu pé-de-maconha”, seu doutor escravocrata.
E, Bush Doctor me deixando em paz, acho bom narrar a minha façanha de ser um maconheiro que, na vida pública, deu uma de herói e virou pó entre o cinza e o branco. Depois de mim, sua consciência há de permanecer limpa e sua boca, seca.
É né, fazer o quê? Você sabe: risos e fome são sintomas de um maconheiro. Em mim dá vontade de ler, escrever e cantar, ao som do violão, de uma guitarra, baixo, bateria, percussão, teclado, metais, etc, etc, etc.


                                                                                *  Pereira, Waldemar Valença. Péde maconha: Che Cannabis nas andanças da ciência. 1ª edição. Aracaju:ArtNer Comunicação, 2016.


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