Agora lascou, sabia? (Prosa)

Che Cannabis, o profeta do Brasil
Ilustração: danieluiz


Agora lascou, sabia? *

Foi lendo Chris Conrad e outras pessoas que aprendi, ligeirinho, que não basta você ler. É preciso viver o que se está lendo, ou a droga da leitura não faz efeito na cabeça. Você sabia que nonada é um ler por ler? É o que eu digo, inspirado em Guimaraes Rosa: eu não me privo de conhecer a filosofia de Jean-Paul Sartre no português.
Me entrego às moscas, pulo do muro às cavernas.
Mas isso não vem ao nosso caso. Eu nunca que conheci o meu lado existencialista.
Nunca que eu soube de ser tão estudioso na vida.
Vou me entupir de filosofia: destino ou presságio?
Fazia leituras de estudante, na escola, e o conhecimento nos anos ’90 era um ziguezague para mim, feito uma rede social manipulada com telefone celular.
Eu me desdobrava, transformando-me em hiperlink da amizade. Eu, Che Cannabis, sou virtualmente brasileiro e herói dessa gente toda que ama a maconha de mansinho. Nossa erva ou droga proibida e criticadíssima, tornou-se um remédio industrializado e agora fica difícil se fechar os olhos pra ciência e repetir pra sociedade que maconha faz mal. In God we trust.
A minha coisa é ser o herói maconheiro de nossa gente brasileira, mas fui convocado para ser do povo todo.
Havia nativos da Amazônia e da África que esperavam muito por mim. Mais ou menos assim: um dia de verão, um garoto cresceria para ser o grande Che Cannabis, em carne e osso, em carne viva, e o mundo todo saberia ainda mais sobre os efeitos da maconha em curto, médio ou longo prazo.
Os efeitos de se fumar uma erva estão consagrados na história das revistas científicas. Se a maconha falasse, me diria mais ou menos assim:   
  Ave, Che Cannabis. Eu sou a vida! Faço bem até para quem não gosta de mim. Publique isso: “Cheguei atrasada, e já é século XXI no Brasil”. E publique mais: “Cheguei afobada pra sair do silêncio da caverna de Lascoux ”. Agora lascou: sabia?
Como a maconha nada pode falar, é uma mulher que nada consta, eu sinto que o filosofo Sócrates e, também o Platão, sorriem de mim e da minha ignorância. No mito da caverna me observo, de fora pra dentro, solicitando-me urgentemente novas interpretações sobre a verdade. A mais pura verdade é que a maconha faz bem para a saúde, mas não faz bem para a saúde todo mundo sem exceção.
É claro! A maconha serve para inúmeras coisas, gera emprego, cria rendas familiares, e a sociedade brasileira precisa saber do bem que ela nos faz. Eu, Che Cannabis, hoje sou rico de saúde, mesmo dentro da prisão da morte.


                                                                    *  Pereira, Waldemar Valença. Péde maconha: Che Cannabis nas andanças da ciência. 1ª edição. Aracaju:ArtNer Comunicação, 2016.



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+55 (79) 99600-2872
checannabis@hotmail.com
efeitocannabis.com

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